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CHARCO

Parte II

do poema sobre a carência

RUBENS ESPÍRITO SANTO

Dia 02 de setembro de 2018

 

 

O lodo, o lamaçal da obra

A areia movediça — o que é a verdade? A inquietude? O labirinto? Como perguntar com o próprio corpo da palavra, das suas entranhas, não do lado de fora, mas como quem está comprometido até o último fio de cabelo com a coisa, emaranhado com ela? Maldita linguagem que me escapa, tem que haver um jeito de haver relação. Preciso achar o caminho até mim, até mim — não posso arredar pé, do lugar desgraçado de procurar dia e noite pela minha sina. Não posso ter medo, ainda que esteja me devorando por dentro, preciso achar a verdade de estar em guerra me pondo em paz. Sem este lugar esculpido na própria pele, nunca terei a menor chance de desabotoar o sentido da minha palavra. Tem que haver uma palavra somente para mim, que me ajeite em plena queda livre, no próprio interior da inquietação, que me liberte para sempre de querer escapar da minha sina.

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