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UMA TELEONOMIA DA CABANA FREI OTTO - ITU/ FAMA

RUBENS ESPÍRITO SANTO

08 de setembro de 2018 

RES 

 

  1. Achar o conceito certo ( próprio ) para definir algo, caçar algo obstinadamente, farejar o que importa ser dito e dá melhor forma possível. Não arredar pé do que eu realmente quero, não deixar nada, absolutamente nada me distrair do meu foco. Da minha coisa. O conceito é um foco. Serei infeliz estando do lado de fora do que realmente importa. Serei infeliz estando fora de mim, do que me é mais caro. Não posso perder de vista o que vim fazer aqui, dos meus sonhos de infância. A cabana faz um círculo entorno do que importa, amarra questões importantes da arte para nosso tempo. Insere definitivamente o artista como um pesquisador. ( quase científico ) 

  2. Também fica claro para mim a relação da cabana com antropologia da arte. Warburg e Gell. Ou seja o elemento vivo da arte, e não arte como coisa a ser dita, mas arte como algo capaz de ser, isto é, algo que tem a força de proferir-se. Não é pouca coisa. Arte só é. 

  3. Óbvio que a intelectualidade exige um preço. Dedicação. E a cabana é um trabalho intelectual e plástico e passa a história da arte a limpo. Devo muito é claro à arte povera italiana, Giovanni Anselmo, Gilberto Zorio, Kounellis, entre outros. 

  4. Relação profunda entre a coisa feita e o texto, ou seja zero delírio entre o que está sendo dito e o que está sendo visto. Ou entre o feito e  o dito. Hoje na crítica de arte, há uma cisão profunda entre o que existe de fato e o que é escrito - superar este hiato será um desafio para jovens críticos de arte no Brasil. 

  5. Conceito de teleonomia da cabana? Organicidade da vida ou da matéria viva, materializar um projeto, capacidade de materializar um texto por exemplo, ou uma obra? O que envolve ter uma obra? Fazer uma obra? Desenvolver uma obra? Realizar uma obra? Provavelmente um contexto muito amplo e dilatado. Ou seja as suas ambições e sua força necessária para cumprir suas ambições. Ainda resta dizer : a violência que você consegue aplicar em você mesmo, para forjar uma realidade diferente da realidade dada e imposta a você. A obra nunca é somente o que eu vejo na aparência, ela é também minha capacidade de articular relações, experiências, memórias, reunir recursos de toda ordem para fazer o que eu tenho que fazer e não me distrair ( se distrair é muito fácil ). A cabana é um excedente de não distração, é uma capacidade extrema de concentração de recursos para materializar um fim. Por algo no mundo com um hiato mínimo entre a ideia e a coisa. Isto é brutal, e para realizar algo brutal é necessário muita impessoalidade e imparcialidade. O pessoal é sentimental demais. 

  6. Inimigos que te impedem De ter uma obra, O que te barra? Emperra ter uma obra? Diria que primeiramente o sintoma. Que esbarra na carência extrema da espécie humana. Somos inseguros e carentes. Melindrosos, suscetíveis a qualquer coisa. E nos distraímos com grande facilidade. Perdemos o foco, ou seja fôlego pequeno para fazer o que temos que fazer. Antídoto para carência, ser violento com ela. A produção de uma obra é um negócio brutal como ficou claro em Itu, erguemos um obra grande em cinco dias de trabalho ininterrupto. 

  7. Fuso horário produzido  pela cabana: imersão total numa coisa - isto faz acontecer, investimentos maciços em materializar a obra. Aqui vale dizer que a obra não aceita mesquinharia, ou seja ela exige que o artista seja perdulário. Quer dizer: não hesite em investir tudo que tem para a obra acontecer, do ponto de vista do capital material e psíquico. 

  8. Relação entre a cabana de Itu e as casas maori? ( Alfred Gell ) texto final sobre Marcel Duchamp no livro arte e agência. 

  9. Como a cabana lida com a carência humana? Com a ambição humana ou com a falta dela? Relação da cabana com o filme Solaris de Andrey tarkovski? A cabana claramente ambiciona um lugar para ela, uma morada, uma morada em fluxo. Para ser mais pragmático a cabana requer envergadura de caracter. 

  10. Relação da cabana Itu com a história da arte? Sem delírios, pelo fato concreto do que está feito? Por exemplo com Carl André? Com Julian Rosefeldt ? Como há uma superação do trabalho de Jessica Stockholder na cabana Itu? 

  11. Elementos técnicos que me autorizam a afirmar que a cabana Itu supera plasticamente o trabalho de Jessica Stockholder ou Thomas Hirschhorn? Elencar estes elementos? Colocar na mesa. 

  12. Impensado da cabana Itu. “Inoperosidade“ da cabana Itu / conceito desenvolvido por Agamben em sua teoria estética?  

  13. Artistas citados plasticamente na cabana Itu de outra perspectiva renovada. Por exemplo construtivismo russo. 

  14. Manobras executadas na cabana? Ideias desenvolvidas plasticamente na cabana? Por exemplo embaralhar o conceito do que é dentro e do que é fora. Ativar um espaço com iluminação, conceito do teatro. Ideia de dobra. 

  15. Contabilidade da cabana e contabilidade psíquica e emocional? Está vinculada a uma força organizacional. 

  16. Quero com a cabana enfrentar quem está produzindo arte internacionalmente, edredom de problemas estéticos lançados pelo meu tempo, isto é estar a par das questões sérias do meu tempo, não ser um alienado  político. 

  17. Tempo de execução. Ritmo de execução -a cabana cria seu próprio ritmo. Quase que tem força de produzir um fuso horário próprio. Conceito dilatado de tempo -conceito de duração de Bergson, citado por Gell. 

Cabana Frei Otto
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